“Seita corporativa?”: Cacau Show é acusada de assédio, rituais bizarros e tatuagens obrigatórias; veja vídeo 406e2v
Brasil – A Cacau Show, uma das maiores fabricantes de chocolates do país, está sendo investigada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo após o surgimento de denúncias de assédio moral, discriminação e abuso de poder dentro da empresa. As acusações vieram à tona nos últimos dias e envolvem relatos de funcionários, ex-funcionários e franqueados da rede.
Segundo o MPT, um inquérito foi aberto para apurar as denúncias, mas até o momento não há processo judicial em andamento. O procedimento está em fase inicial e ocorre sob sigilo, como determina a legislação trabalhista.
As denúncias ganharam repercussão nacional após uma série de reportagens do portal Metrópoles revelar que colaboradores teriam sido pressionados a fazer tatuagens corporativas, participado de rituais internos considerados místicos e sofrido discriminação por orientação sexual, raça e aparência física. Ex-franqueados também relataram dificuldades estruturais com a rede, como o a crédito e produtos, multas abusivas e pressão psicológica.
Cultura abusiva nas redes sociais
Em meio à polêmica, a estrategista de carreiras Carolina Okubo, conhecida por abordar temas como saúde mental no trabalho, publicou um vídeo nas redes sociais em que chama atenção para o que classifica como o “lado sombrio” da empresa. A publicação viralizou e impulsionou ainda mais a discussão sobre os limites da cultura organizacional.
“Imagina ser coagido a fazer uma tatuagem para demonstrar lealdade à empresa. Isso não é cultura organizacional. Isso é abuso”, afirmou Carolina no vídeo. Ela também mencionou a criação de “seitas corporativas” em torno da figura do CEO da empresa, Alê Costa, e o que chamou de “cultura do medo”.
Na legenda da publicação, Carolina afirma: “Você já entrou na empresa dos sonhos… e viveu o maior pesadelo da vida?”, ao se referir às acusações contra a Cacau Show. A postagem gerou milhares de interações e relatos de outros usuários que disseram já ter vivido experiências semelhantes em ambientes corporativos.
Confira:
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Cacau Show nega irregularidades
Em nota, a Cacau Show afirmou não ter sido notificada oficialmente sobre as investigações, mas garante que mantém um canal independente de denúncias, que assegura o anonimato dos envolvidos. A empresa reforçou que as manifestações recebidas são apuradas com rigor e, quando necessário, medidas são tomadas.
Sobre os chamados “rituais do cacau”, citados nas denúncias como práticas místicas em reverência ao CEO, a companhia declarou que se tratam apenas de “experiências culturais e gastronômicas”, oferecidas em encontros com franqueados.
“Contamos com um canal de denúncia gerido por empresa independente, que garante anonimato e imparcialidade. As denúncias são rigorosamente apuradas e resultam em medidas cabíveis sempre que necessário”, diz o comunicado.
O que dizem os denunciantes
A página “A doce amargura”, criada no Instagram, tem reunido depoimentos de ex-colaboradores e lojistas da rede. Os relatos apontam para um ambiente de trabalho marcado por excessiva pressão emocional, exigências fora do expediente, ameaças veladas e discriminação.
Diante da repercussão, especialistas em carreira e saúde mental têm chamado atenção para os impactos psicológicos causados por ambientes tóxicos, onde a figura do líder é centralizada e incensada, e comportamentos abusivos são naturalizados como parte da cultura empresarial.